27/09/10

Tírios e troianos (I): TVG S.L.

* Antom Fente Parada




Estes dias os mídia exprimem com preocupaçom que Hugo Chávez fai uso dos meios de (in)comunicaçom para maior abondamento seu e ataca os oligopólios informativos que, em conivência com a campanha internacional de desprestígio contra ele desamalhoada, repetem ao unísono condenas ao seu regimem. O PP chamava ao PSOE a contas pola viagem a Cuba, um estado que atenta contra os direitos humanos, em sua opiniom, mas calavam quando esse mesmo governo social-liberal visitava a pulcra economia social de mercado China. Na Galiza o emprego da TVGa por parte do Governo para manter a hegemonia na instáncia ideológica é umha constante desde que eligiu o poder, para perpetuar-se nele e para criar o necessário "consenso" na sociedade civil que permita que a sociedade política poda seguir sendo parcela para exercer o poder absoluto.



Ainda há mais. Tanto é assim, que nos planos de privatizaçom da TVGa, onde parte da plantilha passaria a depender da empresa privada (produtoras privadas), apenas o clássico parte ficaria nas maos do executivo galego. O enganoso pretexto para justificar a privatizaçom do ente público é a que já aplicou o ultraliberalismo em muitas outras privatizaçons: para evitar a queda do serviço, como nos dim das aposentadorias e da saúde pública, cumpre levar a cabo um... "proceso de ajuste", que neste caso, tem um valor de 50 milhons de euros a gastar em dous anos. O sector audivisual, como dizia Fraga dos gandeiros, está "sobredimensionado".

O Habichuela, presidente da brigada de demoliçom e limpeza étnica instalada praticamente sem oposiçom na Galiza, declarava "debemos buscar la mayor eficiencia para mantener la televisión pública y no ponerla al borde de la quiebra". Eficiência e austeridade que já justificárom o apoio milhonário aos mídia favoráveis ao Condotieri, a traduçom de livros de texto e o ilegal decreto para executar o etnocídio da cultura e a língua galega, a desprotecçom do litoral, a perda de milhons de euros renunciando ao cánon eólico, a bancarizaçom das caixas - com o inefando apoio da direcçom do BNG de por meio-, o submetemento a Valladolid outra volta - cinco séculos depois, neste caso por mor da Euroregiom-, e assim seguido.

Esta resposta, no entanto, apresenta-se como externa ao governo. A hegemonia, já a mentamos antes, estrutura-se, em termos gramscianos e desde umha distinçom análitica, entre sociedade política e sociedade civil e o domínio da sociedade política sobre a civil bem sendo umha constante na Galiza durante toda a II Restauraçom bourbónica, isso sim, com importantes altibaixos. Da análise da sociedade civil Gramsci extrai um magma de categorias como hegemonia, consenso, direcçom, dominaçom, etc. que permitem, quando a hegemonia é a das classes dominantes, que as capas maioritárias da populaçom aceitem a direcçom política da oligarquia, que afunda na sua dominaçom e no desmantelamento do estado social; quer dizer, na aussência de arbítrio do imperium sobre o dominium ou, por outras palavras, no adelgaçamento do estado como interlocutor que lime os abusos que se dam no eido privado entre indivíduos e classes antagónicas. Daí que operem no seio da sociedade entidades como as FAES, Galicia Bilingüe ou AEGA, a que desta volta deu a feliz ideia da mercantilizaçom do ente público.

AEGA está constituída por nove empresas untadas umha e outra vez por Feijoo e que serám as grandes beneficiárias da privatizaçom (externalizaçom de serviços como nos hospitais) da TVGa -lembremos que é umhas das cadenas autonómicas com maior share-, a saber: La Voz de Galicia, El Correo Gallego, El Ideal Gallego e El Progreso de Lugo. Entom, essa aparente entidade inserida na sociedade civil nom é mais do que um lobby de pressom económico que aupou gostosamente um governo a sabendas da sua extremada generosidade. O alvo declarado nom é ocultado se sabemos ler entre linhas: "externalizar la mayoría de la producción y manterner en exclusiva la producción de informativos, la dirección, la gestión y el control". (1) Por outras palavras, manter a canle como meio de difusom de propaganda e hegemonia e, por sua vez, inçar os custes que irám a parar a maos privadas. Um choio semelhante ao que acontece com as operaçons e consultas derivadas por Farjas para as clínicas privadas, com os geriátricos concertados ou com a austeríssima visita papal financiada com mais de três milhons de euros públicos.

Quando a hegemonia atinge níveis tam desequilibrados que mesmo conseguem acochar a luita da classes e a conscientizaçom da classe trabalhadora produzem-se fenóminos curiosos. Som "populares" os partidos da direita que por toda a Europa atacam precisamente essas bases populares que incautamente os apoiam nas urnas. Som da "liberdade" os partidos que xenófobos e racistas que inçam por toda a Europa, som pola "democracia" os seguidores do Tea Party... e nós, onde estamos e por quê somos?

(1) Carta de Ramón Domínguez (AEGA) a Núñez Feijoo.

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